Homenagem ao escritor Mia Couto, importante romancista e poeta moçambicano, que alcançou destaque internacional.
Mia Couto, disse que há na África, depois da guerra pela independência, uma busca de identidade que se manifesta também na literatura, na poesia e na própria reinvenção da língua portuguesa. É sobre esta língua portuguesa retrabalhada, aliada ao imaginário africano e à capacidade de harmonizar as diferenças culturais, que vem se construindo tal identidade. Há uma força nascida de grandes convulsões, que se reflete nos poemas. Mas, não só o grito de guerra, ou o lamento, ou a luta, mas também a doçura, o amor, a beleza imensa da palavra, da alma do continente negro..a força da palavra arrancada do peito, a busca da identidade, a reinvenção.
MIA COUTO (MOÇAMBIQUE)
UM POEMA ME REZOU
Para que Deus me escrevesse
entortei as linhas do tempo
passaram sete dias do infinito
e Deus não me palavreou
nessa espera,
sonhei de viés
e divinizei a palavra
como Deus sempre me desendereçou
fui caindo em desabismos
desguarnecido de anjo
e em tudo quanto fui
só o demónio me guardou
Então me veio a suspeita:
Deus já não acredita em nada?
Até que, certa vez,
um poema me rezou
e assim me confortei:
a justa palavra
talvez restaure a crença de Deus em nós
Pedi licença à morte
pedi perdão à vida:
- mas não tive notícia
de quem eu queria me salvasse
E ainda hoje
só quem me reza:
as entortadas linhas da poesia.
[Mia Couto]
Aula Magna com Mia Couto, Publicado em 3 de set de 2014
Foto de Mia Couto, de sua página no Facebook.
Mia Couto, disse que há na África, depois da guerra pela independência, uma busca de identidade que se manifesta também na literatura, na poesia e na própria reinvenção da língua portuguesa. É sobre esta língua portuguesa retrabalhada, aliada ao imaginário africano e à capacidade de harmonizar as diferenças culturais, que vem se construindo tal identidade. Há uma força nascida de grandes convulsões, que se reflete nos poemas. Mas, não só o grito de guerra, ou o lamento, ou a luta, mas também a doçura, o amor, a beleza imensa da palavra, da alma do continente negro..a força da palavra arrancada do peito, a busca da identidade, a reinvenção.
Os sete sapatos sujos, Mia Couto.
MIA COUTO (MOÇAMBIQUE)
UM POEMA ME REZOU
Para que Deus me escrevesse
entortei as linhas do tempo
passaram sete dias do infinito
e Deus não me palavreou
nessa espera,
sonhei de viés
e divinizei a palavra
como Deus sempre me desendereçou
fui caindo em desabismos
desguarnecido de anjo
e em tudo quanto fui
só o demónio me guardou
Então me veio a suspeita:
Deus já não acredita em nada?
Até que, certa vez,
um poema me rezou
e assim me confortei:
a justa palavra
talvez restaure a crença de Deus em nós
Pedi licença à morte
pedi perdão à vida:
- mas não tive notícia
de quem eu queria me salvasse
E ainda hoje
só quem me reza:
as entortadas linhas da poesia.
[Mia Couto]
Aula Magna com Mia Couto, Publicado em 3 de set de 2014
O escritor Mia Couto ministrou a aula magna "Guardar memórias, contar histórias e semear o futuro", no início do segundo semestre letivo de 2014. O evento fez parte das comemorações dos 80 anos da UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
POEMA DA DESPEDIDA - MIA COUTO
CONFERÊNCIA DO ESTORIL, 2011 - MIA COUTO
MAR DAS LETRAS - Mia Couto e José Eduardo Agualusa
Publicado em 13 de set de 2013
Estão entre os mais prestigiados nomes da literatura africana e estão juntos num Mar de Letras especial. Para falar da "Confissão da Leoa" e da "Teoria Geral do Esquecimento", da relação criativa entre os dois e sobre o universo de cada um. Emitido na RTP África e RTP2.
Publicado em 3 de fev de 2014
Conferencia com o escritor moçambicano Mia Couto, realizada dia 5 de setembro de 2013 no Auditório Samira Mesquita na Escola de Belas Artes da UFRJ.
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Links:
http://www.miacouto.org/nao-penso-na-velhice-tenho-medo-que-a-velhice-pense-em-mim-afirma-mia-couto/
Brasil, 24 de maio de 2015
Universidade Planetária do Futuro
Fórum Acadêmico e Universitário
Departamento de Cultura e Divulgação
Editora: Ana Maria Felix Garjan
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