Foto antiga da Casa das Rosas.
Texto do site da Casa das Rosas sobre a instituição:
"A Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura é um Centro Cultural localizado na Avenida Paulista 37, em um dos últimos casarões da avenida mais movimentada do país. A atmosfera onírica da antiga construção e seu jardim, em contraste com a moderna estrutura urbana, traduz o que a Casa das Rosas representa: um refúgio onde toda a expressão poética encontra seu espaço. Um território onde a liberdade artística se materializa, por meio de saraus, recitais, lançamentos de livros, peças de teatro, exposições e qualquer outro formato que privilegie a difusão da poesia e da arte em geral.
A poesia encontra na Casa das Rosas um espaço completamente democrático, onde se pretende desfazer preconceitos e qualquer paradigma negativo sobre a arte poética. É também o primeiro espaço público do país destinado à poesia, sendo batizado como Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura, em homenagem ao poeta paulistano, falecido em 2003.
ARQUITETURA
Projetada pelo arquiteto Ramos de Azevedo, em 1928, a casa mistura métodos construtivos de diferentes épocas, o chamado “estilo eclético”, com influência também da Art Déco. Construída numa área de 5.500 metros quadrados, a casa possui 30 cômodos no estilo arquitetônico francês. A Casa das Rosas agrega elementos da Renascença e do estilo Luis XV, que retomou os padrões e o rigor da arquitetura greco-romana, o que se convencionou chamar de neoclassicismo. O interior da Casa é ainda mais eclético, pois combina elementos decorativos ingleses, principalmente nas aplicações de gesso nos estilos Adam, Hepplewhite, Shareton e Chippendale em seus 30 cômodos, claramente divididos em área social, íntima e de serviço. A Casa das Rosas foi declarada patrimônio público pelo Condenphaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), sendo tombada em 1985.
Francisco de Paula Ramos de Azevedo (São Paulo, SP - 1851-1929) foi o mais importante arquiteto do período áureo da economia cafeeira em São Paulo. Suas dezenas de projetos de edifícios públicos e residências contribuíram para redefinir a cidade como metrópole de vocação cosmopolita. A Casa das Rosas foi projetada e construída por seu escritório entre 1928 e 1935, para sua filha Lúcia Ramos de Azevedo, que residiu na casa com o marido, o engenheiro Ernesto Dias de Castro".
Casa das Rosas
Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Para os moradores de São Paulo, de outros estados e países, a Casa das Rosas se tornou uma das mais importantes referências culturais da capital de São Paulo. E sabemos que as artes, a poesia e a literatura unem pessoas, grupos, organizações e países do mundo.
A famosa Casa das Rosas ganhou notoriedade, nesses anos da primeira década do século XXI, através de seu belo espaço aberto à diversidade cultural proposta por artistas, poetas, escritores e produtores culturais , além da progrmação oficial da Casa das Rosas relacionados à Poesia e Literatura. Enfim, o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura abraça as manifestações culturais e artísticas que são agendadas, com pelo menos 50 dias de antecedência e apresentadas por poetas, escritores, grupos e organizações culturais.
Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura
Av. Paulista, 37 - Bela Vista - São PauloFotos da Casa das Rosas divulgadas na Internet
Falecido aos 73 anos, no dia 16 de agosto de 2003, ele foi reconhecido, em âmbito internacional, como um dos mais importantes poetas brasileiros.
Foi formado em Direito pela Universidade de São Paulo em 1952 e no mesmo ano fundou o Grupo Noigandres de poesia concretista, com seu companheiros Augusto de Campos e Décio Pignatari.
Os três poetas publicaram, em 1958, o "Plano-Piloto Para Poesia Concreta".
Foto de Haroldo de Campos e seus companheiros do Grupo Noigandres.
(Internet)
Haroldo de Campos foi considerado o "mais barroco" dos concretistas, e teve sua obra poética ligada fortemente ao movimento que muito influenciou e o contexto poético e literário brasileiro. Ele trabalhou como tradutor, crítico, teórico literário, e foi professor titular do curso de pós-graduação em Comunicação e Semiótica da Literatura na PUC/SP.
Em 1992 foi laureado com o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano; em 1999 o Prêmio Jabuti de Poesia foi conferido para seu livro "Crisantempo: No Espaço Curvo Nasce Um".
Haroldo de Campos foi considerado o poeta da "transcriação", e seu nome está intimamente relacionado à Poesia Concreta, o movimento literário surgido nos anos 1950, que colocou a poesia brasileira no cenário internacional. Inclusive, um dos grandes poetas brasileiros participantes do Concretismo, como é conhecida a Poesia Concreta foi o poeta maranhense Ferreira Gullar, que neste ano completa seus 80 anos bem vividos.
Mais do que um movimento literário, o concretismo – como é conhecida a Poesia Concreta – foi um forte processo de renovação artística reunindo também artistas plásticos e músicos. No Brasil, foi desenvolvido com criação do grupo "Noigrandes" (1952), reunindo os poetas Haroldo de Campos, seu irmão Augusto de Campos e os poetas Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo e José Lino Grünewald.
Nos países de língua alemã, o concretismo está associado aos nomes de Ernst Jandl, Heinz Gappmayr, Gerhard Rühm, ao grupo de Stuttgart em torno de Max Bense, Helmut Heissenbütel e Reinhard Döhl.
Haroldo de Campos disse que a poesia está ente a pintura e a música. Assim, sob essa ótica a revista Invenção foi lançada em São Paulo nos anos 60, para representar as idéias radicais da geração da época, que era a de romper com o lirismo chamado de sentimental, para que houvesse a valorização da palavra, da imagem e do som, de uma forma integrada.
A poesia é uma expressão que se muito tanto da música, quanto das artes plásticas. O exemplo emblemático é a "música concreta", movimento musical lançado em Paris, no final da década de 40, pelo compositor e teórico francês Pierre Schaeffer.
Os poemas concretas ampliam a semântica do texto, valorizam a palavra nas suas dimensões espaciais (distribuição na página), tipográficas (letras e cores) e fonéticas (som). Tudo isso contribui para o sentido.
Em 1964, Haroldo de Campos foi para Stuttgart (Alemanha) lecionar literatura brasileira contemporânea. Nessa oportunidade ele ampliou sua comunicação com os poetas e filósofos alemãs. A partir de então passou a escrever ensaios sobre o poeta alemão Kurt Schwitters (1887-1948), um dos pioneiros da poesia sonora, e sobre Max Bense (1910-1990), filósofo, matemático e semioticista alemão.
Sob o ponto de vista de Haroldo de Campos, na época, a tradução era uma forma de transcriação. E esse é um dos pontos ou aspectos mais importantes da obra de Haroldo de Campos. Ele traduziu, grandes nomes da literatura mundial, como Goethe (do alemão), Ezra Pound, James Joyce (do inglês), Maiakovski (do russo), Mallarmé (do francês), Dante (do italiano) e Octavio Paz (do espanhol). Suas traduções incluiram poesia chinesa, japonesa, grega e textos em hebreu, e chegou a publicar uma nova tradução da Ilíada de Homero, após dez anos de trabalho.
A tradução, segundo Haroldo de Campos, era muito mais do que transportar o texto de um idioma para outro. Elementos da estrutura do poema, como o ritmo e as combinações sonoras (rimas, assonâncias, etc), são muitas vezes mais importantes do que a semântica das palavras.
Para ele, não basta traduzir o sentido as palavras, era necessário recriar o texto, restituir sua estrutura original em outro idioma. A tradução vira assim uma "transcriação", na concepção de Haroldo de Campos.
Poemas de Brecht, transcriados por Haroldo de Campos:
Die Maske des Bösen
An meiner Wand hängt ein japanisches Holzwerk,
Maske eines bösen Dämons, bemalt mit Goldlack.
Mitfühlend sehe ich die geschwollenen Stirnadern,
andeutend: wie anstrengend es ist, böse zu sein.
A máscara do mal
Na minha parede, a máscara de madeira
de um demônio maligno, japonesa –
ouro e laca.
Compassivo, observo
as túmidas veias frontais, denunciando
o esforço de ser maligno.
Epitaph für Maiakowki
Den Haien entrann ich
Die Tiger erlegte ich
Aufgefressen wurde ich
Von den Wanzen.
Epitáfio
Escapei aos tigres
Nutri os percevejos
Fui devorado
Pela mediocridade.
............................
Finalizamos essa matéria de hoje sobre o grande poeta, com a frase
que escreveu Inês Oseki-Dépré, en Aix-en-Provence (França),
no prefácio do livro A POESIA DE HAROLDO DE CAMPOS:
Haroldo de Campos, ou a educação do sexto sentido.
Brasil, 05 de setembro de 2010
Grupos Artforum Brasil XXI
Universidade Planetária do Futuro
Centro de Ciências Humanas
Departamento de Letras
Departamento de Comunicação
Pesquisa e edição: Ana Felix Garjan
Presidente da Universidade Planetária do Futuro