14/09/2010 - 10h09
A vida é em rede
Por Vilmar Berna, do Portal do Meio Ambiente
A individualidade parece uma ilusão, pois somos tão dependentes uns dos outros que indivíduos sozinhos até conseguem viver isolados, em sociedade, mas a que preço?! Não há esse que possa dizer que não precisa do outro, que se basta a si mesmo, pois somos seres sociais e dependemos do outro, de alguma maneira, para nos sentir completos. Tecemos nossa rede o tempo inteiro, para fazer ou refazer laços. Sem essa rede, que nos dá sustentação social, podemos desmoronar psicologicamente, e a vida pode se empobrecer e perder em sentido e significado.
Antes da internet, construir redes sociais era bem mais demorado. O problema é quando as relações permanecem apenas no virtual, pois a vida acontece é no mundo real. As relações virtuais podem preencher parte de nossas necessidades, como o primeiro contato, a descoberta de afinidades, de objetivos comuns, mas não dão conta dos próximos passos fundamentais para a construção de laços, o olho no olho, o toque, o calor humano.
No mundo dos negócios é comum se agradar aos clientes, já que se depende deles para o sucesso financeiro. Assim como na política se agrada ao povo, por que se precisa do voto. Mas na vida social não funciona exatamente assim, pois nem sempre agradamos ao outro fazendo o que ele espera de nós, mas às vezes sendo o melhor de nós próprios.
Em nossa necessidade do outro queremos ser aceitos, ou não ser rejeitados, ou nos sentir fortes, ou admirados, ou protegidos, ou queremos ganhar, manter ou não perder dinheiro, prestigio, poder, privilégios, empregos, votos, sexo, amor, amizade, etc. São tantas as carências quanto pessoas no mundo! E, em função dessas necessidades, nos enfeitamos e nos aperfeiçoamos para seduzir e enlaçar ao outro, ou nos deixar enlaçar.
As redes não incluem apenas nossos semelhantes, mas também aos não semelhantes como os animais, principalmente cães e gatos, que interagem conosc o, nunca nos negando carinho, apoio, mesmo quando não merecemos. Sem eles, muitos de nós padeceríamos de solidão espiritual. Ao contrário dos humanos, os animais pedem muito pouco em troca e se oferecem por inteiro, incondicionalmente.
Já as relações entre humanos não tem nada de simples ou desinteressada. São relações complexas baseadas em sentimentos que não dominamos. Existem no amor, na amizade, variáveis e mistérios que nossa razão não domina inteiramente. Não sabemos por que amamos nem por que desamamos, no fundo, não sabemos o que é o amor ou a amizade, sentimentos que não escolhemos ter, mas aos quais precisamos estar receptivos, pró-ativos para receber e cultivar!
Por isso, não interessa quantas vezes os outros irão nos machucar, continuaremos procurando-os, precisando deles, querendo acreditar em suas promessas.
Entretanto, podemos aprender com os erros e assim nos libertarmos das carências que nos fazem rep roduzir escolhas que não são boas para nós. Não temos de ser escravos de nossas necessidades! Temos escolhas, por mais difíceis que sejam. Podemos escolher ser livres de relacionamentos e situações que nos fazem infelizes ou que nos colocam em risco. Às vezes somos os últimos a perceber esses riscos e geralmente quando os danos já aconteceram. Quando estamos enlaçados pelo amor ficamos meio surdos aos conselhos e alertas dos que estão à nossa volta.
Existem pessoas tão acostumadas desde muito cedo a serem sempre atendidas em seus desejos, que esperam que os outros estejam disponíveis para atendê-los em suas carências e, quando isso não acontece, não titubeiam em tomar a força o que acham ser seu por direito. Tornam-se predadores insensíveis à dor do outro e alguns chegam a sentir prazer com o sofrimento alheio! Pessoas assim podem ser covardes a ponto de não se deterem nem mesmo diante de crianças e de gente indefesa.
A sociedade possui mec anismos para punir, mas para cada uma que consegue alcançar, existem muitas outras impunes, pois pessoas assim não trazem impresso na testa o quanto podem ser más! É duro quando os pais, parentes e a própria sociedade tomam conhecimento de tais atrocidades, e descobrem que os monstros não se parecem com aqueles tipos retratados nos filmes, feios, embrutecidos, pouco inteligentes, mas ao contrário, são as promessas de um futuro que deveria ser melhor e envolvem jovens bonitos, saudáveis, inteligentes, bem formados, que sempre tiveram do bom e do melhor na vida, mas que queimaram vivo o índio Gaudino ou surraram uma empregada doméstica que esperava o ônibus de madrugada para ir ao trabalho ou assassinaram os próprios pais e avós!
Os assassinos em série têm perfil semelhante, os estelionatários também! Geralmente são personalidades sedutoras, inteligentes, confiáveis, e usam dessas armas para iludir, enganar, causar danos e matar repetidamente. Pa ra os estelionatários, a amizade, o amor, transformam-se em armas para atrair e roubar as pessoas! Causariam menos dor se usassem facas e revólveres, pois mais que subtrair bens materiais, rouba a confiança no outro!
Importante que se diga, a maldade não é uma exclusividade das pessoas más nem a bondade exclusividade das pessoas boas, mas trata-se de uma questão de fazer as escolhas certas. Felizmente, apesar de existirem pessoas que escolhem praticar maldades, existem muitas outras que escolhem praticar o bem. Ao construirmos nossas redes sociais, devemos evitar as primeiras e procurar as segundas.
Alguém já disse que as maiores vitórias são as que alcançamos sobre nós mesmos. Jamais nos libertaremos de nossas necessidades e carências, mas podemos lidar melhor com elas, identificando-as e não deixando que fiquem tão à vontade em nossas vidas a ponto de nos levar a repetir os mesmos erros.
A vida é muito breve e demoramos te mpo demais para ficar prontos, para conseguir realmente saber o que queremos de nós e dos outros, para deixar de nos iludir com falsas promessas e sonhos impossíveis, para nos livrar dos rótulos, dos estereótipos, dos preconceitos que nos fazem querer pessoas idealizadas em vez de gente real, que nos impedem de ver e aceitar a nós próprios e ao próximo como somos, capazes de grandezas e de misérias que, apesar de tudo, nos faz humanos!
Não vale a pena aceitarmos ser menos do que pudermos ser ou abrir mão da felicidade, do amor, da vida apenas por que estamos deixando nossas carências e ilusões escolherem por nós!
(Envolverde/Portal do Meio Ambiente)
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Brasil, 14 de setembro de 2010
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